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27/09/2001 - 09h29
Ameaçado, Taleban completa cinco anos no poder
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MICHEL BLANCO
da Folha Online

O Taleban comemora hoje cinco anos da tomada de poder no Afeganistão. Em 27 de setembro de 1996, os guerrilheiros da milícia fundamentalista islâmica conquistaram a capital, Cabul, e declararam o Estado Islâmico.

Governavam, então, pouco mais da metade do país. Hoje seu domínio se estende por cerca de 90% do território. O regime do Taleban foi reconhecido por apenas três países: Emirados Árabes, Arábia Saudita e Paquistão. Após os ataques de 11 de setembro nos EUA, somente o Paquistão ainda reconhece o Taleban, mas o apoio é parcial devido às pressões norte-americanas.

Formado em 1994, o Taleban originou-se a partir de uma reunião de pouco mais de mil estudantes de escolas religiosas rurais na fronteira com o Paquistão. O termo "taleban" significa estudante em pashtu, segunda língua oficial do Afeganistão depois do dari (dialeto persa).

Após a tomada de Cabul, suas primeiras medidas foram enforcar o ex-presidente Mohamed Najibulah, destruir as estações de TV e confinar as mulheres à prisão domiciliar. Cobertas da cabeça aos pés pela tradicional burga, as mulheres são proibidas de sair às ruas sem os maridos, frequentar escolas e trabalhar. Às viúvas a única alternativa de sobrevivência é a mendicância.

Desde a queda da monarquia, em 1973, o Afeganistão viveu uma sucessão de golpes e virou campo de batalha tanto tribal quanto internacional.

A sucessão de golpes foi encerrada com um outro, apoiado pela então União Soviética, que invadiu o país em 1979 para defender o regime comunista implantado no país um ano antes. A resistência afegã fora indiretamente patrocinada pelos EUA nos anos da Guerra Fria.

Após uma década de conflito, os soviéticos se retiraram do Afeganistão mas mantiveram apoio financeiro ao regime de Mohamed Najibullah (1986-1992). O avanço das guerrilhas islâmicas na guerra civil depois da saída das tropas soviéticas forçou Najibullah a renunciar.

Apesar da vitória, pioraram os conflitos entre os mujahidines (grupos guerrilheiros tribais e tradicionalistas) das etnias pashtu, uzbeque e tadjique. No começo, o Taleban teve apoio popular ao prometer o fim da guerra civil e conseguiu isolar as facções rivais em uma faixa de terra ao nordeste do Afeganistão e em outras pequenas áreas.

Congregada sob a Aliança do Norte, a resistência ao Taleban controla pequenas porções de terra, tem poucos recursos financeiros e armas. Em 15 de setembro, sofreu um duro golpe: o assassinato de seu líder, Ahmad Shah Massoud, que morreu depois de um atentado a bomba executado apenas dois dias antes dos ataques aos EUA.

Alvo
A suspeita do assassinato de Massoud recai sobre o terrorista de origem saudita Osama bin Laden. Aparentemente, dois homens disfarçados de repórteres foram os autores do atentado. A câmera de vídeo que carregavam explodiu no rosto de Massoud, em uma ação suicida que seria um presente de Bin Laden ao Taleban.

Bin Laden é "hóspede" do Taleban desde 1994. Principal suspeito dos atentados de 11 de setembro aos EUA, ele coloca o Afeganistão sob a mira de um iminente ataque norte-americano. O governo dos EUA exige a extradição do líder terrorista e ameaça retaliação militar ao Afeganistão.

A milícia islâmica se recusa a entregar Bin Laden e o líder do Taleban, mulá Mohamad Omar, provoca: "Os EUA não têm a força necessária para nos vencer". Em entrevista à rádio norte-americana Voice of America, ele reconheceu o poderio militar norte-americano, mas, segundo ele, "mesmo se essa força fosse duas vezes maior, ela não seria forte o suficiente para nos vencer".

Recurso "extra"
Um dos países mais pobres do mundo, o Afeganistão tem PIB (Produto Interno Bruto) em torno de US$ 3 bilhões. A população de 20,8 milhões de pessoas tem expectativa de vida inferior a 43 anos e o índice de alfabetização é de cerca de 25%. Poucos têm acesso à água potável e assistência médica.

Desde 1999, o país sofre embargo aéreo e bancário. A medida foi imposta pela ONU (Organização das Nações Unidas) como forma de pressionar o Taleban a entregar Bin Laden aos EUA ou a outro país. Ele também é acusado de ter planejado os atentados contra embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998.

A escassa produção agrícola e a criação de cabras e ovelhas respondem a mais de 50% da economia afegã. Porém, o principal produto de exportação do país não entra nos cálculos oficiais.

O Afeganistão é o maior produtor mundial de papoula, matéria-prima do ópio e da heroína. Segundo estimativas da ONU, o país é responsável por 75% da produção mundial de papoula.

A seca reduziu o cultivo de papoula no Afeganistão para cerca de 4.800 toneladas em 2000, após a colheita recorde de 5.800 toneladas no ano anterior. O segundo maior produtor mundial de papoula é o Mianmar (antiga Birmânia), que junto com o Afeganistão responde a 90% da produção mundial. Outros grandes países exportadores são Paquistão, Turquia e Irã.

Apesar de terem regulado até o tamanho da barba de seus funcionários públicos, o Taleban consegue recursos fazendo vista grossa para o tráfico de ópio e heroína, além de cobrar impostos sobre o cultivo dos campos de papoula e transporte de drogas.

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