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Feliz Natal

terça-feira, 4 de março de 2008

A Família de Jesus

Os primeiros cristãos
Vou escrever sobre os cristãos; do período que vai ser desde a destruição do templo de Jerusalém, até o édito de tolerância de Constantino.
Pelo que se sabe, a comunidade cristã de Jerusalém fugira da cidade, nas vésperas da invasão romana; tinham tentado manter-se unidos na medida do possível, mas por um lado a perseguição feita por parte das autoridade judaicas, e sobretudo a iminência da invasão romana levou a que a comunidade se recusasse a sofrer as consequências da guerra (aliás como parte da população). Passada a conquista, voltaram e habitaram a cidade e os judaico-cristãos continuaram a ser fortemente influenciados pelo judaísmo. Fora da Judeia, as coisas passavam-se de forma distinta. Na zona imediatamente ao redor (Samaria, Síria), para além das comunidades “ortodoxas” (se podemos usar este termo), surgiram grupos que revelavam influências de seitas judaicas (como os essénios que aliás parecem ter influenciado os primeiros cristãos) e mais tarde surgiram os gnósticos. Restam-nos alguns evangelhos e documentos que nos permitem ter uma certa ideia do que eles defendiam (embora cada seita, e muitas vezes cada comunidade tivesse as suas próprias particularidades). Acreditavam de forma geral numa criação dual, sendo tudo o que era espiritual (inclusive as almas) era bom e criado por um ser igualmente bom, e tudo o que era material (inclusive os corpos) era mau, sendo criado por um demiurgo.
Fora dessa área, as comunidades dividiam-se entre judaico-cristãos (judeus de origem cristã) e pagãos-cristãos (cristãos de origem pagã), embora o primeiro fosse o mais visível e importante. Os primeiros continuavam a seguir grande parte das tradições judias (circuncisão, jejuns, respeito do sábado, etc), enquanto os outros foram criando os seus próprios hábitos com numerosas influências (e tivessem tido a vantagem de ter tido S. Paulo a orientá-los que os legitimou ); em Roma chegava-se ao ponto dessas comunidades não coexistirem (embora todas do ponto de vista doutrinal e ritual fossem ortodoxas- de acordo com os critérios da época). As polémicas estalavam entre os grupos (aliás o próprio novo-testamento faz eco delas).
Lentamente, à medida que o fluxo de pagãos aumentava e o de judeus estancava os judaico-pagãos foram tornando-se mais importantes ao ponto de absorver em finais do séc. II o primeiro grupo (com excepção da Judeia). Os cristãos sofrendo perseguições episódicas encaravam de forma distinta a sua relação com o estado romano: ora como a legitima autoridade a quem se devia respeito e obediência (S. Paulo) ora como a besta anti-cristo (livro do Apocalipse). A questão da obrigatoriedade do sacrifício ao génio do imperador (uma forma de mostrar a sua fidelidade), veio envenenar a situação, pois os cristãos estavam vedados de o fazer, sendo encarados deste modo como potenciais traidores. A mentalidade de grupo restrito e de cerco foi-se assim prolongando.
Entretanto, no século III a situação modificou-se radicalmente e as questões foram-se alterando. O número de convertidos aumentou drasticamente, mas a qualidade desses convertidos segundo alguns membros teria diminuído. A apostasia em caso de perigo aumentou e acabou por levar à transformação de um sacramento que até então era concedido uma única vez em vida: o da confissão, que poderia ser dado em qualquer ocasião (desde que se considerasse que houvera real arrependimento). Acabou por haver duas formas de encarar a situação: entre os que preferiam uma igreja de “santos”-poucos e bons (como Tertuliano), recusando tudo o que fosse possível do mundo pagão e procurando o martírio, a maioria da hierarquia preferia tentar englobar o máximo de pessoas possível, com uma religião mais acessível.
Do ponto de vista intelectual, o cristianismo foi-se também modificando. Durante os primeiros séculos, os seus autores limitavam a especulação teológica ao mínimo; os que ultrapassavam certos limites, tornavam-se rapidamente heréticos de acordo com a concepção da maioria. A posição ortodoxa era de defesa contra esses grupos e contra os pagãos. Origenes é o primeiro autor de grande plano que desenvolve um sistema teológico amplo. Várias das suas posições seriam consideradas heréticas séculos depois, simplesmente como quase não restam escritos seus, é difícil saber o que ele defendeu efectivamente, e o que foi por outros autores que usaram o seu nome. Sabemos que ele era fortemente influenciado pelo Platonismo (o neo-platonismo iria ser criado por um colega de escola seu, Plotino).
Q.F.M.

posted by quirites | 5:03 PM | 7 comments

Terça-feira, Dezembro 04, 2007
A família de Jesus
Eusébio de Cesareia, um hagiógrafo/historiador do séc. IV escreveu entre outras coisas, uma história do cristianismo. Ora embora ele próprio afirme que seja parcial (ao menos era honesto) dizendo que nas fontes que consultava, escolhia o que mais lhe convinha, ele é preciosíssimo, na medida em que teve acesso a fontes anteriores que estão perdidas actualmente. Uma das fontes, são os escritos de Hegesippus, um cristão do séc. II (de que apenas restam fragmentos).
Este Hegesippus descreveu o primeiro século de vida do cristianismo, até ao seu tempo. E uma das coisas que ele conta, é o que sucedeu à família de Jesus. Continuaram a viver na Judeia, fazendo parte do que se convenciona chamar “os judeus-cristãos”: eram cristãos que se mantinham fieis aos costumes tradicionais judaicos, (circuncisão, jejuns, ida ao Templo de Jerusalém, etc), formando a maioria aliás da comunidade cristã. Sabemos que Tiago, “irmão” de Jesus (apenas primo segundo os teólogos católicos, verdadeiro irmão segundo os teólogos protestantes) liderou a primeira comunidade. Os descendentes de Judas, “irmão de Jesus segundo a carne”, teriam segundo Hegesippas continuado a viver em Jerusalém, e vários teriam sido bispos.
Sofreram uma primeira perseguição durante o reinado de Domiciano, e sido mortos pelos judeus durante as revoltas contra os romanos no reinado de Hadriano, por serem considerados maus judeus (o que é curioso, dado que no resto do império, a separação entre os 2 grupos já se efectuara, dado o afluxo de pagãos).
De qualquer modo, farei um post mais alargado sobre os primeiros cristãos.
Q.F.M.

posted by quirites | 3:25 PM | 4 comments

Quinta-feira, Novembro 15, 2007

Nouvelle Histoire de l’église de Henri Marrou
Esta é uma história da Igreja Católica (embora contenha numerosos elementos sobre outras igrejas cristãs. Tenho o segundo volume de uma reedição (que na primeira edição fazia parte do volume I que era maior). O período descrito, vai desde Diocleciano até Gregório Magno.
Além de nos serem apresentados os principais acontecimentos que se deram na história da Igreja “mainstream” nesse período (e tenho dificuldade em usar o singular, dado que cada diocese era uma igreja por si só ou o termo católico, que nem sequer era usado nesse período), pode-se observar a génese dos fundamentos doutrinais da Igreja católica, as polémicas, as heresias, as cisões e reconciliações. É um período em que quase tudo estava ainda por definir; se Jesus era igual ou semelhante a Deus (ou pelo contrário era um ser plenamente subordinado), os limites (ou não) da liberdade dos homens, as origens do pecado, o poder da hierarquia e das comunidades, a fundação do monaquismo. Quando termina este período, de simples congregação de fiéis e descentralizada, a Igreja (católica, ortodoxa, monofisita, ou outra qualquer), passa a uma estrutura fortemente hierarquizada, em que os clérigos detém o monopólio do poder (e do saber), e que tem os seus fundamentos doutrinários bem estabelecidos.
A sua relação com os imperadores, de perseguida a perseguidora, a sua relação com os pagãos, a sua resposta aos problemas novos que se colocam (muitas vezes derivada da influência do neo-platonismo que implicou uma maior especulação teológica mas também preocupação de rigor com o vocabulário) são abordados.
Também vemos a diferença entre os territórios do império do Ocidente Latino (que excepto a Itália e Africa, eram bastante atrasados) com o oriente grego muito mais culto. Observamos o destino das comunidades cristãs fora do império romano (Arménia, Pérsia, Etiópia). E finalmente a lenta cristianização dos bárbaros (pagãos ou arianos).

Gosto muito do livro, e sendo de pequenas dimensões faz uma boa síntese do período que ajuda a compreender muito bem esse período fulcral da história da Igreja e da humanidade (só lamento o ton por vezes apologético do autor, mas é uma questão de gosto).

Q.F.M.


posted by quirites | 3:36 PM | 5 comments

Terça-feira, Outubro 30, 2007
Os Edis
Este cargo foi criado no séc. V a.C.
Tal como era normal em Roma, tinham imensas funções, algumas delas semelhantes às de outros cargos.
Organizavam festas, vigiavam a manutenção dos edificos públicos, asseguravam a qualidade dos alimentos e a sua importação em caso de dificuldade de abastecimento.
Com o império, este cargo foi esvaziado pelo pretor da cidade, até ser extinto
Q.F.M.

posted by quirites | 1:54 PM | 0 comments

Quinta-feira, Outubro 18, 2007

Vexillatio
Com Augusto, o número de legiões estabilizara-se nas 25 (mais outro tanto em tropas auxiliares, embora nos séculos seguintes esse número fosse aumentando aos poucos). Ora sendo necessário proteger todo o império, e não podendo as legiões estar em todo o lado ao mesmo tempo, nem sendo possível financeiramente aumentar muito o seu número, recorreu-se a um expediente: sempre que era necessário guardar um território, ou mandar um contingente para ajudar numa campanha, em vez de se desguarnecer o território onde a legião estava, retirava-se um destacamento da legião (à volta de um milhar de homens) e colocava-se no local necessário. Esses destacamentos (a principio provisórios, mas rapidamente definitivos) tinham o nome de Vexillatio (tirado de Vexillum, o emblema que levavam que indicava a que legião pertenciam).
Por volta do séc. III, muitas vexillationes nunca tinham estado em contacto com a legião mãe. Também se começou a chamar Vexillatio às unidades de cavalaria (independentemente da designação oficial).
Quando Constantino fez as suas reformas, o termo Vexillatio ficou reservado à cavalaria, enquanto que muitas das antigas vexillationes de infantaria transformaram-se em legiões (se bem que de tamanho reduzido).
Q.F.M.

posted by quirites | 3:56 PM | 2 comments

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