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Feliz Natal

domingo, 17 de agosto de 2008

Artigo sobre as industrias que existiram em Pelotas

Artigo:

Elas são um símbolo. Sua presença silenciosa nos transporta ao tempo dos ruídos das máquinas que, com suas engrenagens, roldanas e polias, juntavam-se às caldeiras, tanques, tablados, zorras, proporcionando emprego e fazendo o crescimento da cidade desde o tempo do preparo do charque até quase nossos dias. Foi uma caminhada em que a cidade conheceu o trabalho empreendedor e o dinamismo numa época de pouca competitividade e de primitivos meios, com empenho e luta. Aqui em Pelotas, eram tantas as chaminés que perdemos a conta. Porto Alegre talvez nem tivesse tantas mas tratou de preservar a chaminé do gasômetro - hoje um dos cartões-postais da capital. Também tivemos gasômetro por 70 anos em Pelotas, implantado desde 1875, na zona do Porto. Por isso, alguns proprietários de casas antigas conservam com orgulho os registros e encanamentos do apogeu industrial daquele tempo.
Espalhadas pela cidade de Pelotas, as chaminés dão conta de um ciclo ultrapassado. Para muitos são jóias preciosas, raridades não repetidas que, de pronto, identificam uma cidade com um passado de inegável participação na economia da província. Chaminés sobreviveram à derrocada industrial, hoje superada pelas microempresas que heroicamente sustentam a economia local. São testemunhas mudas que têm, cada uma, sua história de importante significado. As chaminés foram o agente indicador da indústria desde o século XIX a todo aquele que chegasse a Pelotas, pois em todos os quadrantes, em todos os bairros, desde o Areal, devido às charqueadas, faziam-se notar: Três Vendas, Fragata, Porto, margens do Santa Bárbara, costa do São Gonçalo. Olhamos para estas derradeiras chaminés com respeito aos que, no passado, acreditaram na força desta terra, com trabalho, criando novas indústrias.
Chaminés ainda existentes: na Zona do Porto salientam-se as chaminés da Fábrica de Cerveja Häertel (1889) e da Fábrica de Tecidos, no Areal, a fábrica de sabão Rocha, olarias diversas, curtumes e charqueadas – Charqueada São João, e da maioria delas que compunham 23 charqueadas na costa do arroio Pelotas. Na costa do canal São Gonçalo ainda podem ser admiradas a chaminé do engenho Coronel Pedro Osório (1909) e do frigorífico Anglo, do Frigorífico Pelotense (1919), da Fábrica Lang - (1864/até a década de 90) sabão e velas, um cartão-postal dentro da cidade (rua Gonçalves Chaves), belíssima e heróica - mais de cem anos de existência, aliás, quase todas, ou são já centenárias ou próximas da efeméride. Firmes, cada uma na sua cidadela, estão como guardiãs de algo precioso – um pedaço da história de Pelotas.
No Fragata eram tantas que impossível nomeá-las, desde olarias, conservas, chapéus, também curtumes. Mas lembremos a da Cervejaria Ritter – rua Marechal Floriano, Cerâmica Industrial Pelotense (1915), nas Três Vendas, mais tarde Cerâmica Carúccio. Havia bem mais de duas dezenas de chaminés de matadouros (como Guilayn - avenida Saldanha Marinho - 1915), conservas de frutas (como a Fábrica Aliança, uma delas - 1906), que a incompreensão fez demolir ou o tempo implacável tratou de eliminar. Elas são o último reduto na memória daquelas indústrias havidas em Pelotas. A fábrica se foi levada pelas intempéries econômicas, mas as chaminés ficaram esquecidas, solitárias, imóveis como a observar o correr dos tempos com seu furor progressista deixando para trás os braços e a alma de quem tanto fez. Ficaram, sedentas de força, de calor, de fogo e fumaça, do homem que movimentava o trabalho, sem choro, sem lágrima, à espera do apito, seu companheiro que marcava horas de labuta e descanso, que não virá nunca mais. A chaminé e o apito da fábrica, agora separados na contingência implacável do progresso, restam na memória dos que ainda crêem na volta do bem-estar econômico para esta cidade.
Zênia de León
Presidente da Academia Pelotense de Dados



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4 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Oii professora
procurando sobres as indústrias que fecharam em Pelotas para a aula da professora Carmem Júlia
do IF-Sul
muuito bom o artigo, ajudou bastante
fui sua aluna no semestre passado não sei se lembra de mim mas mesmo assim obrigada

Kauanny GArcia

van disse...

Boa noite

Li em seu blog uma matéria sobre as chaminés em Pelotas. Sou arquiteta e estou em busca de informações sobre a antiga Fábrica de sabão Rocha, localizada em frente a Baronesa, na Av. Domingos de Almeida. Por acaso, saberias me informar onde posso buscar dados, imagens,....?
Att Vanessa

Anita Leocadia disse...

Oi Vanessa...
Tudo bem contigo???/
Material de pesquisa sobre as fabricas de Pelotas...encontras no livro da professora Beatriz Lanner...
Na Bibliotea do ICH está disponível. Um abraçao da Anita Carrasco